terça-feira, 29 de julho de 2014

Desejo Peculiar.


Eu posso ficar admirando aquela imagem por horas.
Tentando achar cada detalhe dele extraordinário.
Me pergunto se aqueles cabelos são macios,
Se a pele tem o toque aveludado.
Imagino como seria sentir sua voz rouca e calma ao pé do ouvido.
E aqueles olhos?
Cor de entardecer,castanhos avermelhados.
Como seria sentir seu hálito quente e ao mesmo tempo fresco em meu pescoço.
E enfim,
poder devorar com voracidade 
aqueles lábios vermelhos e muito bem desenhados.
E fazer morada em seu peito robusto e quente e poder ouvir seu coração surrar meus ouvidos.
                          


Laryssa Carsi
Amo escrever,por incrível que pareça,eu nunca tinha terminado de ler um livro sequer até meus 18 anos.Sou estudante de psicologia,por ironia do destino.Adoro escrever poemas e o que vier a minha cabeça.Sou geminiana,adoro bater papo e conhecer novas pessoas,comunicativa e me adapto a todo tipo de ambiente e pessoas.Adoro ouvir uma boa história,então,se você tem uma história boa para contar,estou ansiosa para ouvi-la.Sou sincera e irônica as vezes.Não gosto que mintam para mim,mas as vezes é preciso mentir para ter o tal "jogo de cintura".Amo as artes,desde a escrita,música, até arte pintada e esculpida em quadros,paredes e tecidos.
@laryssacarsi

PROJETO NOVOS POETAS - A ESFINGE


Teus olhos negros me são soam como duas esfinges.
Interrogam-me, perturbam minha mente e visão.
Atiçam pela minha carne, salivam sobre mim
Esperam que eu erre o enigma
Desvenda-me ou Devoro-te, teus olhos me dizem...
O silêncio permanece frequente no ambiente.
Tuas órbitas torcem-se de gozo.
Para que eu vire alimento a elas.
Colocam-me em estado de hipnose.
E elas devoram-me...
A carne.
A alma.
Os olhos.
E o coração apaixonado...
Estas orbitas ditam o ritmo da dança
Valsa.
Tango.
Ou bolero.
Apenas sei que a ti me entrego.
Enquanto sou mastigado por teus olhos.
Anseio com o dia em que a tua boca me devorará.
Matando toda a minha sede de te amar.
A experimentar o doce de sua saliva.
Da fruta madura que reside em teus lábios.
E eu pergunto-me, quando será a minha vez?
Quero devorar-te a boca
A derme.
Tua tatuagem.
Teus olhos.
E principalmente teus olhos.
Que incansavelmente me mastigam...


-Lucas Pimentel

domingo, 27 de julho de 2014

Entrevistando:Isabela Meggiolaro.

Entrevistei hoje a autora do Livro Maria Casadevall - A Dramaturgia Dos Meus Versos,Isabela Meggiolaro,que lança este ano,seu primeiro acervo de poesias,pela Editora Multifoco.
Seu livro será lançado no dia 14 de setembro de 2014,no Bar Latino-Americano:Exquisito,em São Paulo.
Mais detalhes na página Des-Poetizar.

E na primeira entrevista do Sabedoria na Poesia,entrevisto a autora maravilhosa,Isabela Meggiolaro. Apesar da pouca idade,21 anos,ela surpreende a todos com suas poesias contemporâneas,profundas e maduras.Confiram com exclusividade a entrevista maravilhosa.

Laryssa Carsi 
Bom,de onde surgiu a ideia de escrever um livro de poesias?

Isabela Meggiolaro
Boa noite Laryssa. Bom, escrever sempre foi uma necessidade fisiológica, muito mais quando fiquei afastada da minha maior razão: Teatro. Escrevia crônicas e poemas, a poesia em si foi tomando forma de 3 anos pra cá. Com isso o livro foi consequência de uma admiração, de uma carência por um desconhecido presente chamado Maria Casadevall. Fiz como forma de presente e acabou por ter reconhecimento e o patrocínio da Editora Multifoco.

Laryssa Carsi
Sobre o quê exatamente o livro fala?

Isabela Meggiolaro
A escrita ela nos permite entrar numa processo de criação infinito. O livro é a dramaturgia desse meu universo. Eu não conhecia Maria a olhos nu e tive de explorar esse processo ilusório. São partes do vivi, do que sou, do que crio, partes de um personagem as vezes real e as vezes não. Eu escrevi amor, escrevi Isabela e parte dele: Psicografei Maria.

Laryssa Carsi
Qual é a participação da Maria no livro e o que ela significa para você?

Isabela Meggiolaro
A única e maior participação dela foi a existência dela e o pouco contato que tivemos, foi emocionalmente importante para criação das poesias. Escrever esse livro foi uma escolha livre e o único patrocínio que tive foi o da coragem. O que Maria significa pra mim? Ela é minha borboleta. Ela fez minhas tristezas saírem do casulo e voar pra alegria de um papel. Maria tem um significado absurdo e consequentemente inexplicável. Ela significa o significado.

Laryssa Carsi
E o quê te inspira na vida?

Isabela Meggiolaro
A própria. E amor e a maneira que o conduzimos. Tenho uma paixão inenarrável por detalhes. A energia vinda do simples consegue se fazer grande, em maneira de satisfação pra mim. Eu sou o maior milagre da natureza e é inquestionável meu valor. Então o que mais me inspira na vida é a moral do amor, a maneira como tudo é imperfeitamente perfeito.
E caráter. A maneira como tudo se transforma. Admiro demais o ser humano, quando é leal ao pouco do valor que tem se escondido.

Laryssa Carsi
Você faz parte agora da nova geração de escritores e poetas brasileiros,como se sente por estar entrando nesse universo tão profundo e maduro?

Isabela Meggiolaro
Utópico. As vezes me acho indigna de tal rótulo. Eu tenho um profundo respeito a literatura e a cultura brasileira. A minha relação com escrita é indiferente do rotulo que tenho hoje, ela foi uma necessidade quase que fisiológica como eu disse. E me esforçarei por diante a melhorar, estudar e fazer jus ao nome. Escrever é um dom. E espero o encarar com a mesma maturidade que encaro o que acredito na vida. Prometo uma nova linguagem a poesia. Fácil, intensa e acessível a todos. Desde o analfabeto a um doutor em letras.

Laryssa Carsi
E como é a vida fora dos livros e poesias?Quem é Isabela Meggiolaro?Sua personalidade,seus sonhos,desejos e etc?

Isabela Meggiolaro
Isabela é um ser humano quase normal, Laryssa. Tenho um universo subjetivo e incrível dentro de mim. Tenho sede por conhecimento. Hoje tenho uma construtora sustentável e luto para voltar aos palcos, teatro, dramaturgia em si é minha injeção, minha cura e quero muito fazer cinema. Tenho muitos sonhos dentro desses três segmentos e quero uni-los ao meu trabalho social. Tanto na construção quando na leitura. Não tive oportunidades grandes na vida, conto minha história no livro, então trouxe as oportunidades até mim. Tive de amadurecer com 13 anos e cuidar de pessoas que me ensinaram o que é amor. Sou uma mistura de introspectividade e animação. Sou tímida e camuflo isso as vezes falando sem parar. Eu prefiro manter parte dos meus sonhos ainda em segredo, porque foram deles, na loucura deles que nasceram grandes resultados. É difícil encontrar quem acredite em nós, e o impossível é questão de dar o primeiro passo. E a coisa que mais gosto de fazer na vida é fazer o bem. Meus maiores confidentes por mais bizarro que pareça, são moradores de rua e residentes de instituições carentes. Gente igual a mim. Simples e cheio de história pra somar. Meu maior vicio é café, perfume e falar sozinha.

Laryssa Carsi
Bom,eu nem preciso disser que amei essa entrevista,não é mesmo? Surpreendentemente inspirador e um jeito muito peculiar.


Isabella Meggiolaro
A honra foi toda minha de ser a primeira entrevistada de um trabalho maravilhoso como o do seu blog. Poesia não enche barriga, mais alimenta a alma. Um beijo!


Estou ansiosa pelo lançamento deste que,parece ser um livro extraordinário.
Um beijo a todos e até a próxima.
Tchaaaaau!!


Maria Casadevall e Isabela Meggiolaro


Maria Casadevall A Dramaturgia Dos Meus Versos.


Livro Maria Casadevall A Dramaturgia Dos Meus Versos.


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ela?


“Ela? A pessoa mais linda que já conheci. E quando digo linda, me refiro a todos os pontos que você acabou de pensar, e talvez até você subestime tamanha beleza para uma só pessoa. Mas acredite, ela era realmente linda. Tinha os olhos mais enormes que uma pessoa possa possuir, mas não era nada exagerado, ou pelo menos, não demonstrava ser, pois tudo nela era proporcional. Olhos grandes, sorriso enorme, bochechas redondas e deveras fofas, sem falar no corpo dela, ela era muito corpulenta. Contudo, era baixinha; uma completa anãzinha. Mas você não imagina a força que se escondia naquela “tampinha”. O soco dela poderia nocautear o Anderson Silva, com toda certeza. Ela daria uma boa boxeadora, ou não. Por que ela era sensível, mesmo com toda a valentia era sensível, e também frágil, posso admitir. Mas isso não fazia dela uma garotinha da mamãe. Ela sempre correu atrás dos seus sonhos, por mais loucos que eles fossem. Acredita que uma vez ela me ligou dizendo que queria viajar pelo país inteiro?! Sim, e ela o fez, mas em sonhos; obviamente, os pais dela não o deixaram acontecer de verdade. Mas, por mais absurdo ou louco que pareça, eu viajei com ela. Fomos a todos os lugares que você possa imaginar. Visitamos não só o país que residíamos, mas também o mundo inteiro. Pergunte “Quem foi a paris na semana passada?” e com toda convicção te direi que eu e ela fomos. Foi divertido conhecer a Torre Eiffel, e também aquelas florestas que, eu não queria, mas ela insistiu que visitássemos cada lugar, eu não iria se não fosse com ela. Tudo ao lado dela ficava bom (até comer feijão). O maior problema de tudo isso era eu saber que ela escondia algo de mim, notei isso desde a primeira conversa, ou até tenha sido antes, quando ouvi falar dela. Ela agia como se sua vida fosse limitada, sempre queria que as coisas pudessem acontecer logo ou que acabassem logo também para que ela pudesse fazer outras coisas. Ela saia do ballet, corria para a faculdade, ia para o trabalho, vinha na minha casa, visitava a sua vó, e o mais importante, beijava a sua mãe. Acho que para ela essa era a sua atividade diária mais importante, pois não dormia sem antes dar um beijo em sua mãe. Com o tempo, acabei juntando as peças, fui descobrindo que não havia como decifrá-la, por que isso faria com que a minha visão de garota “forte e sensível” se acabasse, eu não podia defini-la, não podia questioná-la, então sempre segui a risca tudo o que ela me falava. Se ela dizia para mim “Por favor, não faça isso”, eu fazia mais umas duas ou três vezes só para confrontá-la. Porém não fazia isso sempre, mas é que eu adorava vê-la com raiva. As maçãs do rosto dela cresciam, suas bochechas coravam, e ela? Ah, ela corria atrás de mim até se cansar, ou me alcançar, coisa que quase nunca acontecia, só mesmo quando eu deixava; sempre corri mais que ela. Essa garota me fez feliz por muito tempo, não poderia contar, nem estimar, sabe?! Isso faria com que eu percebesse que não foi por tanto tempo assim.Aconteceu justamente no pior dia da minha vida. Ela chegou e me perguntou “Se amanhã fosse o meu último dia, o que você me diria?”. Eu a xinguei, blasfemei contra ela e apertei-a contra a parede, dizendo “Nunca mais repita isso, tá me ouvindo?”. E então ela começou a chorar, descontroladamente e me deixou ali, de pé olhando para o lugar que ela deveria estar se não tivesse saído correndo e me deixado ali, estupefato. Minutos depois, eu caí na real… Não deveria ter feito aquilo com ela, mas a verdade era que eu não tinha uma resposta. Não estava preparado para responder aquilo, na verdade queria questionar o porquê dela ter me feito àquela pergunta duma hora pra outra. O dia se seguiu e eu decidi dar um tempo para ela, eu a magoei, mesmo sem querer a magoei. Passei a noite me controlando, esperando uma mensagem dela me chamando para sair, ou fazer mais uma de nossas loucuras e nada. Meu orgulho ferido não me deixava dizer nada, fazer nada a respeito e então decidi ver fotos dela. Sei lá, sabe?! De repente bateu uma saudade imensa dela e eu não sabia como controlar. Logo, me peguei em lágrima, estava chorando sem parar, berrando, devo admitir. Perguntava-me “Como será que aquela ‘tampinha’ está?”, mas eu sozinho não conseguiria saber. Eu adormeci, tive pesadelos, e decidi me levantar. Precisava ver aquela garota e sei lá, dizer ao menos que eu não conseguiria responder, até por que nós éramos jovens e nada de preocupante poderia nos acontecer. É, isso foi o que eu havia pensado antes de chegar a casa dela e não encontrar ninguém. Imaginei que ela tivesse ido dormir fora, como era de costume, mas por que os pais dela não estariam? Gritei, berrei, joguei pedrinhas, até um vizinho surgir e dizer “Dá pra parar de berrar, queremos dormir!”, eu não me importei e só fiz perguntar “Você sabe onde eles estão?”, o vizinho, de cara amarrada, respondeu “Foram todos para o hospital, a filha deles não estava passando bem”. Mas eles só tinham uma filha, só podia ser ela. Corri em direção ao ponto de táxi mais próximo e fui em direção ao hospital (sorte minha a nossa cidade ter somente um hospital). Chegando lá, encontrei os pais dela, chorando e eu nem consegui perguntar o que estava se passando, talvez ela tenha se machucado, ou sei lá o que. Abri a porta que estava atrás deles e os médicos já estavam retirando ela de lá, percebi que os aparelhos estavam fazendo aquele barulho de quando a pessoa morre. Mas talvez eles tenham desligado para transferi-la. Para onde eles estavam levando a minha garota “forte e sensível”? Quando ela iria acordar para rir comigo de novo? Quando iríamos repetir todas as nossas atividades malucas? Você já deve saber a resposta né… Infelizmente nunca mais eu vi aquele sorriso. Nunca mais fiz viagens malucas depois daquele dia.Sabe o que mais dói nisso tudo? É saber que as minhas últimas palavras para ela foram “Nunca mais repita isso, tá me ouvindo?” e realmente ser verdade. Ela nunca mais repetiu nada depois daquele dia. Se eu pudesse voltar atrás, eu contaria a nossa história para ela. Assim como estou contando para você. Dê valor às pessoas que estão perto de você e nunca diga nunca para elas. Sente-se com ela, recorde os momentos bons e ruins, ria e sempre encerre suas frases com palavras boas, pois você não sabe quando essa pessoa vai te deixar e quando eu digo deixar, não é de abandonar, pois sei que, onde quer que a minha garota “forte e sensível” esteja, ela está comigo, ela só fez uma viagem da qual não fui convidado a ir, não por enquanto, mas a minha passagem já está comprada, numa poltrona ao lado dela e então faremos nossas viagens malucas, eu sei.”
Nunca diga nunca - Enzo Menezes.    


Não, meu coração não é maior que o mundo.

Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos. Sim, meu coração é muito pequeno. Só agora vejo que nele não cabem os homens. Os homens estão cá fora, estão na rua. A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava. Mas também a rua não cabe todos os homens. A rua é menor que o mundo. O mundo é grande. Tu sabes como é grande o mundo. Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão. Viste as diferentes cores dos homens, as diferentes dores dos homens, sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso num só peito de homem… sem que ele estale. Fecha os olhos e esquece. Escuta a água nos vidros, tão calma, não anuncia nada. Entretanto escorre nas mãos, tão calma! Vai inundando tudo… Renascerão as cidades submersas? Os homens submersos – voltarão? Meu coração não sabe. Estúpido, ridículo e frágil é meu coração. Só agora descubro como é triste ignorar certas coisas. (Na solidão de indivíduo desaprendi a linguagem com que homens se comunicam.) Outrora escutei os anjos, as sonatas, os poemas, as confissões patéticas. Nunca escutei voz de gente. Em verdade sou muito pobre. Outrora viajei países imaginários, fáceis de habitar, ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio. Meus amigos foram às ilhas. Ilhas perdem o homem. Entretanto alguns se salvaram e trouxeram a notícia de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias, entre o fogo e o amor. Então, meu coração também pode crescer. Entre o amor e o fogo, entre a vida e o fogo, meu coração cresce dez metros e explode.
— Carlos Drummond de Andrade.