terça-feira, 13 de maio de 2014

Complicação apaixonou-se pela solução


Prazer,meu nome é complicada.
-Prazer,complicada,meu nome é solução.

E assim ela se apaixonou,ele era tudo o que ela precisava,ela tudo que ele precisava também,ela era complicação,ele era a solução,ela tinha ataques de fúria,ele era o peito que acolhia e acalmava,ela era racional demais,ele era impulsivo demais,ela ouvia Tom Jobim,ele ouvia Bob Marley,ela era fraca,chorava por tudo,ele era forte e não se abalava por nada,ela era uma dama,ele era um vagabundo,ela odiava chocolate,ele adorava,ela precisava de carinho,amor e compreensão,ele precisava de carinho,amor e sexo.Um era completamente o oposto do outro,mas algo lhes dizia que um era o amor da vida do outro.
Laryssa Carsi
Amo escrever,por incrível que pareça,eu nunca tinha terminado de ler um livro sequer até meus 18 anos.Sou estudante de psicologia,por ironia do destino.Adoro escrever poemas e o que vier a minha cabeça.Sou geminiana,adoro bater papo e conhecer novas pessoas,comunicativa e me adapto a todo tipo de ambiente e pessoas.Adoro ouvir uma boa história,então,se você tem uma história boa para contar,estou ansiosa para ouvi-la.Sou sincera e irônica as vezes.Não gosto que mintam para mim,mas as vezes é preciso mentir para ter o tal "jogo de cintura".Amo as artes,desde a escrita,música, até arte pintada e esculpida em quadros,paredes e tecidos.
@laryssacarsi



Eu odeio que encostem em mim.


"Eu odeio que encostem o cotovelo, a bunda ou uma cerveja molhada em mim enquanto eu tento encontrar um espaço para dançar. Eu odeio que encostem em mim, odeio a pele de um desconhecido indesejado. Odeio homens que olham para bundas como se admirassem uma carne pendurada no açougue e odeio mais ainda quando fazem bico e aquele sim com a cabeça, tipo “concordo com o mundo que ela é muito gostosa”. E se ele fizer aquela chupada pra dentro do tipo “hmmmmm delícia” já é algo que ultrapassa os limites do meu ódio. Odeio mau hálito e mais ainda o fato de que justamente as pessoas podres são aquelas que falam mais baixo e nos obrigam a ter que chegar perto. Eu odeio machismo, submissão e mais do que tudo isso ter que ser forte o tempo todo e não ter um ombro másculo para chorar até minha última gota desamparada. Odeio pessoas muito oleosas, muito peludas, muito suadas e acima de tudo meninas que cheiram a lavandas e gostam de adesivos de ursinho. Odeio quem comemora porque passou numa faculdade que meu primo de 8 anos passaria e quem diz “peguei a mina”. Odeio os Estados Unidos mas odeio muito mais o fato de a gente ter sangue europeu mas ficar imitando esses estúpidos, que também têm sangue europeu mas são estúpidos por herança criada. Odeio a frase “eu vou no super, comprar umas cervas para o churras”. Odeio quem passa o dia no shopping com a família, churrascaria com aquele desfile de bichinhos mortos, principalmente porque você está lá tranquilamente comendo e vem alguém com um espeto (que é grosseiramente imposto ao seu lado), te espirra sangue, fala um nome idiota e você nunca sabe exatamente de que parte se trata. Odeio quem casa virgem, odeio quem chega em casa depois de uns malhos no carro e enfia o dedo no meio das pernas porque tava louca para dar mas “ele ia me achar muito fácil”. Mas eu também odeio mulher que sai dando pra meio mundo e perde o mistério. Sei lá, essa coisa toda de dar vai ser sempre uma dúvida. Odeio meninas caçadoras de homens ricos mas odeio sair com um cara que está tentando começar um relacionamento e ter que rachar a conta, seria mais simpático me deixar pagar a conta toda. Rachar é péssimo. Dividir banheiro, pêlo alheio em sabonete, acordar cedo e meninas adolescentes peruas com voz de pato. Quando eu era criança sonhava todas as noites que arrancava os olhos de todo mundo e só eu podia enxergar o quanto era feio eu ser como sou."
by Tati Bernardi. 

Dizer "Eu Te Amo"


Dizer "Eu Te Amo" não é soltar ao vento
Simplesmente palavras por palavras.
Entre outros,é ter no pensamento
O propósito de agradar a pessoa amada.

Dizer "Eu Te Amo" não é somente
Expressar o que de dentro sente,
Mas também é ter a tranquilidade
De que nisso existe reciprocidade.

Dizer "Eu Te Amo" é estar preparado 
Para tirar do seu profundo íntimo
Uma infinidade de coisas que, sintetizado,
Codifica um sentimento único.

Dizer "Eu Te Amo"  é pôr em concreto
Um conjunto de boas lembranças
Que num passado remoto ou perto
Nos faz lembrar de como sermos crianças.

Mas acima de tudo dizer "Eu Te Amo" 
É reconhecer-se possuidor de um presente
Que revela simplesmente uma maneira
De expor a ti o que, em verdade, clamo
E se faz em meu coração permanente
Quereno o seu amor para a vida inteira.

-Marcio Nunes

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Acho que o amor não tem muita explicação.

"Acho que o amor não tem muita explicação, a não ser a seguinte: a gente precisa estar preparado para a chegada dele. Porque é difícil, é muito difícil amar. E dói. Não pense que ao encontrar o amor da sua vida os dias se transformarão em delícias sem fim. Dói. O amor de verdade dói. Ele arranha. Você fica com medo que um dia o sentimento te abandone. Isso causa dor. Dói. Eu insisto: dói. Não é um mar de rosas, depois que passa a fase inicial e você conhece os defeitos de trás para a frente, dói. É uma dor doce. Mas você não precisa da outra pessoa. Você gosta de como ela te abraça, te entende, te ouve, te beija, te olha. Você acha bonita a forma como ela mexe a colher dentro da panela, amarra o sapato, segura o guarda- chuva, tosse, liga a televisão. Só aquele tom de voz te tranquiliza, só aquele abraço te salva do caos de uma semana infernal. Você tem consciência que existem outras coxas, peitos, braços, pernas, olhares e cérebros no mundo. Você sabe que existem outras pessoas bonitas, atraentes e cheirosas no planeta. Mas só aquela te deixa com tesão. Tesão por tudo. Pela vida. Pela crença no amor de verdade. Pela vontade de juntar as escovas de dentes e as meias na gaveta. Pela magia que o amor traz. Pela rotina que o amor traz. Pela chatice que o amor traz. Porque o amor também é chato, um legítimo velho resmungão. O amor também é cheio de tédio. Mas se você sente que só aquela pessoa vale e merece essa dor que acompanha o amor, então é porque você ama com tudo o que você pode. E, aí sim, é que você está completamente livre. Livre para ser quem quiser. Para fazer o que tiver vontade. Para exercitar a sua solidão. A dois. Somando. Fazendo crescer."
by Clarissa Corrêa.  

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira.



"Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira. Certa manhã, ao deixar o metrô por engano numa estação azul igual à dela, com um nome semelhante à estação da casa dela, telefonei da rua e disse: aí estou chegando quase. Desconfiei na mesma hora que tinha falado besteira, porque a professora me pediu para repetir a sentença. Aí estou chegando quase… havia provavelmente algum problema com a palavra quase. Só que, em vez de apontar o erro, ela me fez repeti-lo, repeti-lo, repeti-lo, depois caiu numa gargalhada que me levou a bater o fone. Ao me ver à sua porta teve novo acesso, e quanto mais prendia o riso na boca, mais se sacudia de rir com o corpo inteiro. Disse enfim ter entendido que eu chegaria pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha, depois um joelho, e a piada nem tinha essa graça toda. Tanto é verdade que em seguida Kriska ficou meio triste e, sem saber pedir desculpas, roçou com a ponta dos dedos meus lábios trêmulos. Hoje porém posso dizer que falo o húngaro com perfeição, ou quase. Quando de noite começo a murmurar sozinho, a suspeita de um ligeiríssimo sotaque aqui e ali muito me aflige. Nos ambientes que frequento, onde discorro em voz alta sobre temas nacionais, emprego verbos raros e corrijo pessoas cultas, um súbito acento estranho seria desastroso. Para tirar a cisma, só posso recorrer a Kriska, que tampouco é muito confiável; a fim de me segurar ali comendo em sua mão, como talvez deseje, sempre me negará a última migalha. Ainda assim, volta e meia lhe pergunto em segredo: perdi o sotaque? Tinhosa, ela responde: pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha… E morre de rir, depois se arrepende, passa as mãos no meu pescoço e por aí vai."
-Chico Buarque 

terça-feira, 6 de maio de 2014

Se foi muito para mim, para ela foi ainda mais.

Se foi muito para mim, para ela foi ainda mais. Ela é do tipo racional, manja? Do tipo que planeja, que pensa e repensa em cada detalhe. E a verdade é que eu não estava e nem nunca estive em seus planos. Éramos uma bomba relógio prestes a explodir. E uma hora explodimos. Mesmo depois de dividir tantos dias, segredos, músicas, risadas, noites de abraços e os melhores beijos que já provei, ela um dia se levantou da cama, me deu um beijo na testa e pediu desculpas por não poder ficar. Ela podia. Eu sei que podia. E não havia choro que a convencesse, não havia lembrança que a fizesse ficar. Ela não quis. Simplesmente não quis. E estava certíssima disso. Bem, o que se diz para alguém que quer ir embora além de vai-pela-sombra-meu-amor-e-vê-se-volta? Ela nunca voltou.
— Entre todas as coisas

Se o outro for bom para você.

Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido[…] O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas… desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, de tocar no outro, de não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também.
— Caio Fernando Abreu.