quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Mulher Isca




Tem corpo de sereia.
Pele bronzeada.
E coxas torneadas.
Te encanta com o canto...
Lhe grita mentiras como se fossem verdades bíblicas.
Te envolve nos seus mistérios.
Recita poesias, inventa algumas para não se debruçar diante do ócio...
E tu vai... Cai... Levanta e vai...
Se afoga, tenta virar boto para seduzi-la...
Não consegue, se lamenta.
Vai por mim, melhor assim...
Aos perdedores que venceram
Ela te beija, beijo profundo e questionador...
Conhecendo tua alma atrás de algum tesouro
Até que você morde a minhoca que reside nos lábios dela.
A língua vira um gancho e te rasga a boca, sorriso sorrateiro...
De ponta a ponta, contra a sua vontade, pobre marujo.
Te pesca e arranca-lhe a cabeça...
Te emoldura e coloca acima da lareira, vira mais um troféu, junto de tantas outras cabeças...
Teu corpo? Ela vende pro museu, tu és empalhado e exibido para turistas... Como um espécime raro que caiu em uma velha armadilha...
E você? Agradece piegasmente... E em alguns casos, até pede bis...
Do alto da lareira, você assiste a decapitação da próxima cabeça que será teu vizinho...